Este texto apresenta argumentos para evitar que o escritor, iniciante ou não, publique textos com falhas e lacunas capazes de minar a credibilidade e a influência entre aqueles que irão lê-los. Não é intenção da autora desestimular a produção literária individual. Sua principal intenção é alertar do potencial prejuízo que os erros - e a persistência neles - podem trazer a um autor.
O potencial de um acerto é grande, mas as falhas acabam ganhando notoriedade e poder para ocultar para sempre um promissor escritor.
O potencial de um acerto é grande, mas as falhas acabam ganhando notoriedade e poder para ocultar para sempre um promissor escritor.
A internet
nos oferece tantas oportunidades, tanta gente escrevendo sobre tantos
assuntos, que cada um se vê na vontade de publicar algo também. A pessoa
que sempre cozinhou para os amigos e descobre um site de culinária de
sucesso acaba pensando ” por que não? Se ele pode eu também posso”. Acho
muito saudável e todos têm direito a isso. Só que outra característica
da internet é a de eternizar tudo o que dizemos. Tudo o que foi
publicado pode ser resgatado, sempre há a possiblidade de se responder
por algo escrito há muitos anos. Por isso acredito que, antes de
publicar, é preciso filtrar o conteúdo. Lançar algo imaturo para a
publicação pode ser mais prejudicial do que benéfico ao autor. É melhor
esperar do que projetar uma imagem negativa. É melhor se abster de
escrever, se:
1. Você não domina a linguagem escrita
Lamento, mas é a mais pura verdade. Ninguém levará a
sério um autor que escreva “quizer”, por melhor que sejam as suas
idéias. Aliás, os erros de escrita chamarão tanto atenção que ninguém
saberá que ele possui boas idéias. E quando falo em domínio
da linguagem escrita, falo de coisas básicas como erros gramaticais até
a construção de frases com pontuação correta e parágrafos com uma linha
de raciocínio. Como se não bastasse o conteúdo parar em sites com pérolas da internet, o autor tornará ridículo justamente o que procurava defender.
2. Você possui uma única fonte de informação
Por melhor que seja um site,
um grande autor ou um livro, ele não pode ser a única fonte de
inspiração. No máximo, pode render uma crítica ou alguns textos. E,
mesmo nesse caso, talvez seja mais interessante indicá-lo do que
escrever sobre. Quem baseia suas opiniões numa única fonte não tem muito
a dizer, só está repassando; dependendo da maneira como esse repasse é
feito, fica muito próximo do plágio. Sendo a fonte primária tão boa, não
é preciso que mais alguém diga a mesma coisa.
3. Você não tem experiência pessoal com o assunto
É complicado escrever algo sobre a qual apenas se ouviu dizer. O
risco de dizer alguma bobagem é muito grande. Por mais que uma opinião
pareça correta e óbvia, por mais que a lógica pareça apontar numa
direção, ter uma experiência com o assunto sempre é melhor. O contato
elimina intermediários, interfere na própria maneira como somos, gera
impressões que não estão nos livros. Por isso, nada supera a experiência
pessoal. Se o que você tem a dizer é emprestado do que outras pessoas
viveram, elas são as melhores fontes de conhecimento.
4. Você possui informações desatualizadas
Por outro lado, mesmo experiências pessoais têm data de validade. Ter
tido contato com um assunto não o torna apto a falar dele durante toda a
sua vida. Desde então, novas abordagens podem ter sido descobertas, as
relações podem ter mudado; se muita coisa mudou, é como se fosse um
assunto novo, praticamente desconhecido.Verifique se o que você ainda
tem a dizer já não mudou a ponto de não ser mais usável. O que é passado
pra você é o presente de outros – talvez eles tenham mais a dizer.
5. Você não saberia defender seus argumentos numa discussão
Para qualquer coisa que escrevemos, estamos sujeitos a críticas. Na
internet, isso se intensifica porque não é possível filtrar leitores. É
importante estar pronto para defender o que disse, ser capaz de
apresentar novos argumentos. Quando estamos certos do caminho que
fizemos até aquelas conclusões, se elas estão bem fundamentadas, a
possibilidade de defendê-las acontece naturalmente. Se não, é sinal de
que o conteúdo está fraco, que foi construído sem base. Melhor nem
começar.
6. Você não consegue sustentar sua posição durante muito tempo
Se você se coloca como partidário de uma posição política, ou
profundo conhecedor, ou estudioso de alguma coisa, deve ser capaz de
sustentar essa posição. Pode ser fácil
enganar leigos e durante pouco tempo; tenha em mente que pessoas da
mesma área de conhecimento podem lê-lo. O que você tem a dizer resiste a
uma leitura mais apurada? Se não, talvez o seu conhecimento seja
adequado apenas ao seu dia a dia. Ao se propor a representar uma idéia, é
preciso ir um pouco além do básico.
7. Quase tudo o que você tem a dizer são suposições
Não existe nenhum problema em ter opiniões baseadas em impressões
vagas ou suposições quando estamos entre amigos ou numa conversa
descontraída. Mas, na medida em que essas idéias são colocadas por
escrito, automaticamente estamos nos responsabilizando, fazendo com que
elas nos representem. Uma opinião irresponsável pode ajudar a difundir
meias-verdades e consolidar preconceitos. Se não puder falar algo
construtivo, é preferível deixar o assunto para quem realmente entenda.
8. O texto não foi revisado
Insisto na tecla da revisão porque nem sempre é possível mudar o que
foi publicado. Um texto publicado cheio de erros eternizará uma imagem
de ignorância ou desleixo. Idéias mal redigidas podem passar a imagem de
alguém que não sabe se expressar direito ou não tem domínio do assunto.
Escrever um monte de besteiras pode atrapalhar oportunidades futuras. O
texto é você, é a você que ele representa. Cuide do que tem o seu nome.
Fonte: Livros e Afins.
Texto: Caminhante Diurno
Comentários
Postar um comentário