Exposição Dilúvio – Daniel Lannes
FONTE: GALERIA LUCIANA
O artista escolheu o tema do dilúvio movido por um capítulo do
Tratado de Pintura (1490-1517), de Leonardo da Vinci, no qual ele
descreve como se deve pintá-lo. “É muito curioso, do ponto de vista
didático, porque ele ensina o pintor a pintar, entre outras coisas, a
linha do horizonte, como se deve pintar as montanhas a certa distância,
como pintar o ar… E a descrição do modo de pintar é uma coisa
frenética”, diz Lannes.
Lannes ficou instigado por isso, e deu continuidade ao que já estava
fazendo. “Venho trabalhando imagens que retiro de referências reais,
atuais, de fotos banais, além de interesses épicos, históricos, de
pintura de História mesmo, e resolvi me debruçar sobre a ideia do
dilúvio”. Dentro de um banco de imagens que Lannes coleciona há anos,
ele começou a direcionar essas imagens para uma narrativa que trouxesse
essa ideia do dilúvio. “Essa ideia se apresenta nessas pinturas da
exposição tanto como tema, retratando situações de dilúvio climático,
mas também o dilúvio na forma de acidentes pictóricos; a própria tinta
funcionando como uma espécie de enchente ou de água invadindo o espaço
da pintura, e o dilúvio também no sentido do caos: a própria pintura
traz uma coisa caótica que não necessariamente tem a ver com a chuva,
mas sim com uma atmosfera de dilúvio, uma situação de inundação, de
perda de controle”.
Dentro de sua poética, sempre houve um interesse por coisas de época.
Não apenas na pintura, mas no cinema, na literatura, e na indumentária.
“Esteticamente isso me interessa, então acho que isso se reflete na
escolha das imagens da minha pintura”. Reconhece ter uma “ambição épica”
que, por sua vez, “também tem um lado meio patético, anacrônico, de
querer soprar na pintura hoje uma situação épica, depois de ela já estar
morta”. Ele lembra de uma ideia expressa em uma entrevista pelo
artista Luiz Zerbini, que dizia em termos gerais que a pintura está
morta, mas que gosta quando está sentado na sala e sente aquele calafrio
como se fosse um espírito passando, e quando isso acontece é porque a
pintura se fez presente. Lannes diz que se coloca na situação de um
“cronista visual”, e por ser um artista que começou a estudar arte
“depois da pop art”, sabe que a crônica visual “não é mimética”. “A
pintura não é mais um retrato fiel da sociedade, tal como a crônica se
propunha a contar. Ela é uma crônica metalinguística porque quando você
pinta algo já está embutida ali toda a questão da morte da pintura, de
se estar pintando algo que não necessariamente condiz com a realidade, a
própria ficção entra no meio”. “Uma boa pintura é sempre uma boa
mentira”.
Daniel Lannes é artista plástico, atualmente mestrando em Linguagens
Visuais pela UFRJ. Formado em Comunicação Social pela PUC-RIO. Estudou
pintura na State University of New York e na Escola de Artes Visuais do
Parque Lage. Participou de exposições individuais no Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro – MAM (2011); na Galeria Choque Cultural, São
Paulo (2008); no Centro Cultural São Paulo ( 2007) e no Centro Cultural
Cândido Mendes (2006). Dentre as exposições coletivas, destacam-se
Novíssimos, Galeria de arte IBEU, RJ (2010); Arquivo Geral, Centro
Cultural Justiça Federal, RJ (2008); Painting’s Egde, Riverside Art
Museum, California (2008) e POSIÇÃO 2004, na Escola de Artes Visuais do
Parque Lage (2004). Foi premiado com a bolsa residência no The Idyllwild
Arts Painting’s Edge program, California, EUA (2008). E com uma bolsa
de estudos de 1 ano na State University of New York (2004/05).
Visitação pública: 03 a 29 de setembro
De segunda a sábado, das 10h às 19h – Sábado das 11h às 14h
Luciana Caravello Arte Contemporânea
Rua Barão de Jaguaribe, 387 – Rio de Janeiro, Brasil, 22421-000
Visitação pública: 03 a 29 de setembro
De segunda a sábado, das 10h às 19h – Sábado das 11h às 14h
Luciana Caravello Arte Contemporânea
Rua Barão de Jaguaribe, 387 – Rio de Janeiro, Brasil, 22421-000
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