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Epístola aos homens sem face (ou carta aos mascarados)

Por: Franz Lima.

Vós que usais as mãos e a força ao invés da voz, ouçam estas simples palavras. Pois eis que chegará o dia no qual a loucura tomará o lugar do diálogo e os próximos pelo sangue se matarão em nome da revolução. Quais de vós tendes a sabedoria diante da insanidade? Quais de vós sois capazes de não erguer a mão quando o ódio faz morada no coração? Dizei-me!
Eu vejo homens e mulheres que não seriam capazes de ferir os que amam, mas não poupam suas forças para agredir o indefeso.
Qual a glória em empunhar a espada contra os que sangram com os braços abaixados? Há honra em abater quem repousa no sono?
Não pude virar a face diante de tanta covardia. Como omitir-se quando um semelhante se esconde nas trevas do anonimato e delas lança sua raiva contra os que nada mais querem além de retornar para o lar?
Dizei-me o que embasa tais atos!
Eu vos digo que não há injustiça tão grande quanto a guerra silenciosa. Vides quantos foram vítimas das faces sombrias, dos rostos mascarados? Muitos sofreram diante de faces imóveis, plásticas e que, invariavelmente, escondiam os que não possuem a coragem suficiente para protestar e mostrar quem são. 
Vis, sujos e ladrões... eis o que vós sois. 
Ergam suas clavas e continuem a quebrar. Gritem suas ameaças abafadas por máscaras. Marquem os inocentes. Porém não se esqueçam que não há mal que sempre dure. Não há impunidade que seja superior ao tempo. Cedo ou tarde a retaliação ocorrerá. Cedo ou tarde tu, homem sem face, terá o anonimato perdido e será chegada a hora do pagamento. 
Neste momento eu também coloco uma máscara e imploro para que ela seja capaz de esconder a minha vergonha de ser semelhante a vós.

Comentários

  1. Ótimo texto. Concordo plenamente com sua opinião e faço minhas suas palavras.
    W.R.

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    1. Obrigado pelo apoio W.R.. É sempre bom receber esse retorno dos leitores. Valeu!

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