— A presença das culturas negras da literatura brasileira ainda é muito pequena, os autores negros publicados por grandes editoras são muito poucos. Isso já não acontece nos circuitos literários de periferia e de favela. A gente se pergunta o porquê, então queremos que os convidados, os mediadores e o público respondam essa questão — afirma o jornalista Toni Marques, curador da Flupp. — Nesta edição, em comparação a 2012, conseguimos ser mais objetivos naquilo que queríamos expor. (Via O Globo).
A ótima iniciativa de uma Festa Literária em Vigário Geral (essa é a segunda Flupp), área dominada pela Unidade de Polícia Pacificadora, no Rio de Janeiro, é uma das melhores notícias que o universo literário nacional poderia ter. A Festa tem o objetivo primordial de levar a literatura e alguns de seus expoentes a uma população teoricamente distanciada ou sem acesso a um direito básico: a cultura por meio da leitura.
Entretanto, os organizadores resolveram direcionar o projeto cultural para algo mais politizado. Debates abordaram a pouca participação do negro e sua cultura na literatura brasileira, além de cobrarem uma participação mais efetiva no mercado literário.
Não consigo imaginar a literatura segregada em blocos raciais. O que torna uma obra primorosa é o escritor ou a cor de sua pele?
Quantos editores seriam idiotas a ponto de escolher uma obra pela cor da pele do autor ao invés da qualidade e abrangência da mesma?
Reconheço que os negros foram extremamente penalizados, sofreram muito, mas não vejo motivos para que estabeleçam ou cobrem uma obrigatoriedade de um percentual de livros escritos por pessoas negras. Sou absolutamente a favor de uma maior abordagem da cultura negra, ainda que sejamos um povo multiétnico, constituído por diversas culturas que foram mescladas ao longo dos séculos.
Na literatura não há espaço para os medíocres, sejam eles brancos, amarelos, negros, albinos, pardos ou seja qual for a denominação de cor que queiram.
Escrever é dedicação, inspiração e sobretudo competência. Tenho certeza que muitos sequer sabem quais eram as aparências de Herman Melville, Isaac Asimov, Castro Alves, Jorge Amado, Tolkien e muitos outros escritores, mas isso não diminui o valor de cada obra ou a excelência do escritor.
Há inúmeros escritores negros de altíssimo nível, isso é inquestionável. Porém também há um igual número de autores de grande talento de outras etnias que batalham seu lugar ao sol sem se valer de um passado que provoque compaixão. Os negros, assim como os índios, nordestinos, alemães, gays ou seja quais forem os outros rótulos que a sociedade imponha, não precisam de favores. Os ótimos sempre se destacarão dos medíocres, uma vez que estamos diante de um público leitor cada vez mais seletivo. Com o tempo, o autor de um único livro cairá no esquecimento, enquanto os que estão lá por mérito ficarão na memória e na história.
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