Dentro deste contexto, no segmento das biografias foram produzidos 6,5 milhões de livros em 2011, e 4,1 milhões, em 2012, representando participação de 1,3% no mercado editorial. Uma redução significativa. No entanto, segundo pesquisa da GFK Brasil, uma das maiores empresas de pesquisa de mercado no mundo, o gênero ocupa atualmente a quinta posição em vendas no país e apresentou crescimento de 14% entre janeiro e setembro de 2013, comparando com o mesmo período do ano passado. Mas, sem dúvida, esses números poderiam melhorar ainda mais, como atestam os especialistas.
“As restrições impostas pela legislação e por parte de alguns herdeiros, além dos custos muito elevados, desencorajaram as editoras a seguir adiante com o mesmo ímpeto da década de 1990, quando começaram a pipocar os livros de biógrafos como Ruy Castro e Fernando Morais. Acredito que o auge mesmo ainda não chegou. Há uma carência de biografias muito evidente no mercado brasileiro. A população tem sido prejudicada em sua busca por conhecimento”, lamenta Bernardo Ajzenberg, diretor-executivo da Cosac Naify, editora que tem no catálogo as biografias de Clarice Lispector, Jayme Ovalle, Matisse e Cícero Dias.
Bernardo também lembra que o custo de produção de uma biografia é muito elevado (pesquisas, viagens, digitalização de arquivos, direitos para uso de imagens, entre outros gastos) e que só perde para os livros de arte. “A rentabilidade vem com muita lentidão e é relativamente baixa”, assegura.
Insegurança
Presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Sônia Jardim é outra que acredita que a insegurança jurídica que ronda o mercado possa intimidar as editoras e os próprios autores a publicar e a escrever biografias. “É um trabalho que exige muitos anos de pesquisa e investimentos. Os escritores e os autores ficam amedrontados. Você não sabe o que vai acontecer. Gasta-se com o lançamento, com a feitura do livro e, de repente, se tiver algum problema, os custos para a retirada do mercado ainda são maiores. Fora que ainda é preciso contratar advogado”, explica.
Sônia revela o surgimento de um novo profissional no setor, o consultor jurídico, que avalia previamente se o livro terá ou não complicações com biografados, herdeiros ou representantes legais. Ela diz que, às vezes, se torna preferível publicar biografias estrangeiras, porque certamente provocam menos chateações.
“Quem sai prejudicada é a história do Brasil e isso também afeta na formação de futuros leitores. Não tenho estudos para comprovar, mas ouso dizer até que a maior parte das biografias que se encontram em nossas livrarias são de autores estrangeiros, porque é mais fácil e mais prático. Ainda não tivemos um boom de vendas neste gênero e toda essa polêmica pode até atrapalhar”, analisa Sônia Jardim.
Franz says: compreendo que há biografias realmente abusivas, onde as deturpações sobre a vida da pessoa em pauta são desrespeitosas e visam apenas o lucro. Mas estranho o modo como certos indivíduos que lutaram pelo reconhecimento e até uma certa dose de celebridade podem se mostrar contrários ao desejo de seus fãs em melhor conhecê-los. Acaso eles fomentaram o anonimato? Não, eles clamaram por reconhecimento, imploraram por fama e sucesso e, infelizmente, o preço de tais coisas pode ser muito caro. Aliás, ser uma pessoa pública cobra infinitamente um preço muito alto: o da privacidade. Não há privacidade que resista ao termo 'pessoa pública'.
Já li várias biografias (inclusive leio neste momento a de Stephen King) e colhi muitas lições positivas de cada uma delas. Algumas foram não-autorizadas, o que não diminuiu o mérito do biógrafo que, logicamente, lucrou.
Biografias são necessárias por serem fontes de preservação da memória. Lucra o biógrafo, o leitor e a pessoa pública que foi biografada.
A posição da Associação Procure Saber é válida, desde que não se enquadre em censura. O direito à criação de uma biografia deve, preferencialmente, passar por uma avaliação da pessoa pública em questão, porém sempre ficará uma dúvida sobre o que será escondido ou não pelo biografado.
Enfim, a recomendação é que sejam lidas as biografias feitas por pessoas sérias e descomprometidas com o estrelismo, já que muitos desses autores querem brilhar mais do que aqueles sobre os quais escrevem.
P.S.: outro fator a ser considerado é a preservação da família, quando o biografado já é falecido. Um mínimo de respeito à privacidade dos familiares deve ser mantido...
Franz says: compreendo que há biografias realmente abusivas, onde as deturpações sobre a vida da pessoa em pauta são desrespeitosas e visam apenas o lucro. Mas estranho o modo como certos indivíduos que lutaram pelo reconhecimento e até uma certa dose de celebridade podem se mostrar contrários ao desejo de seus fãs em melhor conhecê-los. Acaso eles fomentaram o anonimato? Não, eles clamaram por reconhecimento, imploraram por fama e sucesso e, infelizmente, o preço de tais coisas pode ser muito caro. Aliás, ser uma pessoa pública cobra infinitamente um preço muito alto: o da privacidade. Não há privacidade que resista ao termo 'pessoa pública'.
Já li várias biografias (inclusive leio neste momento a de Stephen King) e colhi muitas lições positivas de cada uma delas. Algumas foram não-autorizadas, o que não diminuiu o mérito do biógrafo que, logicamente, lucrou.
Biografias são necessárias por serem fontes de preservação da memória. Lucra o biógrafo, o leitor e a pessoa pública que foi biografada.
A posição da Associação Procure Saber é válida, desde que não se enquadre em censura. O direito à criação de uma biografia deve, preferencialmente, passar por uma avaliação da pessoa pública em questão, porém sempre ficará uma dúvida sobre o que será escondido ou não pelo biografado.
Enfim, a recomendação é que sejam lidas as biografias feitas por pessoas sérias e descomprometidas com o estrelismo, já que muitos desses autores querem brilhar mais do que aqueles sobre os quais escrevem.
P.S.: outro fator a ser considerado é a preservação da família, quando o biografado já é falecido. Um mínimo de respeito à privacidade dos familiares deve ser mantido...
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