Artistas visuais criam labirinto para que o público reflita como é viver com a AIDS
A partir do dia 17 de março, no Centro Cultural São Paulo, a instalação artística “A Batalha do Corpo” estará aberta para a visitação do público.
As artistas visuais Juliana Curi e Maria Eugênia Cordero propõem uma experiência estética para informar, renovar, criar e sugerir novos caminhos de reflexão sobre a questão HIV e AIDS, tanto em termos da vivência individual como do ponto de vista social.
A inspiração artística na montagem final da obra vem do conceito dos penetráveis, que surgiu na década de 1970, com o objetivo de integrar o espectador ao espaço para que a obra seja vivenciada e não somente observada.
A instalação foi construída em formato de labirinto, a partir de intervenções realizadas por um grupo de pessoas com alguma relação com o vírus HIV e a AIDS. São 15 metros de extensão, 6 metros largura e 3 metros de altura de tecido confeccionado com gaze hospitalar em vários tons de vermelho.
No espaço as criadoras propõem que, ao penetrar e percorrer a obra, o público se sinta imerso na experiência de quem vive com a doença, por isso a tendência é que, mais do que contemplar a obra, o visitante possa habitá-la, aprofundando assim as reflexões sobre arte, HIV, AIDS e vida.
“Para nós, a linguagem artística será o caminho que abrirá possibilidades de pensamentos e diálogos novos sobre o HIV e a AIDS”, diz Juliana Curi, uma das autoras do projeto-obra.
“É muito difícil falar de uma obra que se baseia na experiência de pessoas vivendo com HIV/AIDS sem propor que o público também possa compartilhar da experiência”, complementa Maria Eugênia Cordero, co-autora da instalação.
O projeto, o processo
Em quatro encontros, Juliana Curi e Maria Eugenia Cordero reuniram, no Ateliê 1120, mais de 30 colaboradores, todos com alguma relação com o vírus HIV e a AIDS. Com a co-liderança da artista e ativista Micaela Cyrino, ativistas, médicos e pessoas que vivem com HIV receberam orientação sobre as possibilidades da arte têxtil e como usá-la como expressão da linguagem para então intervirem com suas reflexões no tecido.
“A AIDS tem impactos no organismo de um indivíduo, mas sabemos que ocorre prioritariamente em outros tecidos sociais”, afirma a psicóloga Juny Kraiczyk, diretora-executiva da Ecos - Comunicação e sexualidade, organização apoiadora do projeto.
Os participantes, como fruto da roda de conversa sobre o que é e o que significa “viver com HIV” nos dias de hoje, propõem novas tramas, telas, urdiduras, texturas, teias e redes no tecido – intervenções incorporadas ao projeto “A Batalha do Corpo”.
A proposta das artistas para promover estes encontros é criar a oportunidade de mergulharem todos, juntos, nesta “batalha” a partir do espaço artístico, para trabalhar e refletir coletivamente, fazendo com que novas e velhas conexões se fortaleçam e nasçam novos pensamentos e possibilidades de luta.
“O objetivo com as oficinas não era apenas criar uma obra que sofresse intervenção coletiva, mas que trouxesse, para dentro dela, experiências reais, e que, durante as oficinas, a arte possibilitasse o surgimento de novas formas e caminhos para essa troca de vivências”, conta Micaela, articuladora dos encontros.
Juliana, ao centro |
Quem são as artistas
Paulistana, Juliana Curi é artista visual, roteirista e diretora. Reside atualmente em Nova York, onde desenvolve projetos de fotografia, audiovisual, arte têxtil e instalações. Em 2010 ganhou o prêmio de incentivo do MinC como melhor roteirista estreante de longa-metragem de ficção com o projeto Meu Elvis. Em 2015 criou a série de bordado em plantas “Pink Intervention”, que participou da exposição sobre trabalhos manuais FIO na Galeria Sin Logo eSpotte Art New York.
Maria Eugênia Cordero |
Maria Eugênia Cordero, artista plástica e arte-educadora, criou (em 2013) e coordena desde então a residência artística "Barda del desierto" na cidade de Cordero, na Patagonia Argentina. Faz parte do grupo de estudos “Prácticas artísticas decoloniales” da UNSAM, também na Argentina, onde nasceu. Radicada em São Paulo, tem realizado trabalhos sobre a relação entre as diversas áreas do conhecimento, principalmente ligando as artes visuais às questões sociopolíticas, com especial ênfase nas questões de gênero. Realizou exposições individuais e coletivas na Argentina, na Espanha e no Brasil.
Agenda durante a instalação
Dia 19/3, às 15h: HIV/Aids na sociedade hoje: impacto individual ou coletivo
Juny Kraiczyk (mestre em bioética pela faculdade de Ciências da Saúde, cátedra UNESCO de Bioética, Universidade de Brasília, e diretora-executiva da Ecos - Comunicação e Sexualidade)
Juliana Curi e Maria Eugenia Cordero (autoras da obra A Batalha do Corpo)
Micaela Cyrino (produção artística A Batalha do Corpo.)
Dia 09/4, às 15h: Panorama das práticas artísticas e HIV e mais um encontro “Vozes e Tramas”
Panorama dos artistas que trabalham com a temática HIV|AIDS + Encontro para intervenção coletiva em uma peça têxtil no CCSP
Dia 19/3, às 15h: HIV/Aids na sociedade hoje: impacto individual ou coletivo
Juny Kraiczyk (mestre em bioética pela faculdade de Ciências da Saúde, cátedra UNESCO de Bioética, Universidade de Brasília, e diretora-executiva da Ecos - Comunicação e Sexualidade)
Juliana Curi e Maria Eugenia Cordero (autoras da obra A Batalha do Corpo)
Micaela Cyrino (produção artística A Batalha do Corpo.)
Dia 09/4, às 15h: Panorama das práticas artísticas e HIV e mais um encontro “Vozes e Tramas”
Panorama dos artistas que trabalham com a temática HIV|AIDS + Encontro para intervenção coletiva em uma peça têxtil no CCSP
Apoios: A Ecos-Comunicação e Sexualidade e Agência de Notícias da Aids também apoiam este projeto.
Serviço
Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1.000)
Período expositivo: 18 de março a 10 de abril
Horário: de terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados (exceto Páscoa), das 10h às 18h.
Entrada franca
Informações: 11 3397-4002 / bdc.imprensa@gmail.com
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