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A polêmica sobre o pastor e o passaporte diplomático.

Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo. #apogeudoabismo

Começo esse texto com uma observação que está cada vez mais evidente: política e religião estão cada vez mais misturadas. Dessa mistura, por sua vez, surge um terceiro poder já que, não restam dúvidas, a fé e a política manobram e coordenam as vidas de praticamente todo os seres humanos do mundo.
Mas, questionaria um pensante ser, o que há de ruim nessa fusão? Tudo, respondo. Tanto na fé quanto na política, as possibilidades de afastamento dos interesses próprios são mínimas. O homem é corruptível em nível alarmante e tem na fé um freio para seus impulsos mais escusos.
Romildo Ribeiro Soares
Logo, diante de uma realidade sombria - pois é essa a realidade da política brasileira - manter os homens da fé afastados dos homens mais corruptos do mundo é algo quase impossível. Nada, compreendam, nada é ofertado sem a cobrança de um retorno quando o assunto é política. Por que seria diferente com os pastores?
E eis que surge mais um escândalo envolvendo esses passes de "livre trânsito" concedidos pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, o mesmo que afundou São Paulo em escândalos de corrupção como Governador. Serra aparentemente tem grande apreço por pastores. Ele concedeu também ao casal Samuel Ferreira e Keila. O pastor em questão é um dos investigados por crime de lavagem de dinheiro recebido como propina pelo "inocente" Eduardo Cunha. 
Os passaportes diplomáticos são uma ferramenta destinada a conceder mobilidade a servidores das mais diversas instâncias, inclusive o Presidente da República, o vice-presidente, governadores, ministros, juízes que compõem tribunais internacionais, entre outros. Entretanto, nada diz sobre líderes religiosos. Serra, em busca de uma justificativa para tal absurdo, afirmou que o pastor e sua mulher são dignos de portar o passaporte por "interesse do país". 
Interesse de quem mesmo?
Homens de fé têm cedido à corrupção e ao enriquecimento ilícito há anos, nas mais diversas denominações religiosas. Com o tempo, eles aumentaram exponencialmente suas esferas de influência e, hoje, estão envolvidos com políticos, juízes, empresários e outros para manter suas riquezas e poder. Ser pastor, bispo, padre... isso só tem validade quando a nomenclatura vier atada ao dinheiro. Infelizmente, isso é uma realidade. 
Mas não é esse o ponto primordial dessa crônica. Na verdade, o essencial dessa história é evidenciar que há benefícios cedidos a quem não os deveria receber com alguma motivação por trás. José Serra não é uma pessoa confiável. Seus atos são, via de regra, motivados por algo que lhe dê frutos, ainda que futuros.
Eu vejo esse "apadrinhamento" aos pastores como uma jogada política. O seu tempo como ministro é curto e ele voltará concorrendo a um cargo. Logo, com o apoio de pastores que influenciam massas gigantescas de pessoas (que são eleitores), provavelmente ele irá pedir apoio aos seus amigos das igrejas. Em contrapartida, motivados pelos pedidos dos líderes espirituais, os fiéis irão votar e colocar novamente um político envolvido em corrupção no poder e, infelizmente, uma vez no cargo, dificilmente ele sairá.
É o que me cabe relatar... com tristeza.


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