O ciclo narrativo de Maeve se repete. Mas há algumas coisas
diferentes nela. A persistência de sua memória é visível, inclusive no destemor
ao provocar um convidado a matá-la. Tudo, porém, tem um propósito em suas ações
e ela alcança seu intento.
O desenrolar do anfitrião perdido comprova a teoria de que
há espiões desviando dados do parque. O propósito? Nada é esclarecido, mas
Bernard e Elsie sabem como rastrear quem está por trás dessa traição.
Texto: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.
Nesse ponto, o espectador mais atento provavelmente notou
uma homenagem ao filme homônimo de 1973. Um androide parado no canto de uma
parede usa as mesmas roupas e pose do androide da produção original,
interpretado por Yul Brynner.
A história prossegue e mostra o conflito de Felix, um dos
responsáveis pela manutenção e recuperação dos androides, com Maeve. Esse é um
conflito de ideias, pois Felix não compreende as mudanças que ela apresenta.
Como, questiona-se, é possível ela despertar sozinha e manter suas memórias? Apesar
disso, Felix não resiste ao encanto de Maeve. Seja por medo ou por carência,
ele decide levá-la aos principais locais de construção dos anfitriões. A cena é
triste, tendo ao fundo o som de um violino, cheia de insensibilidade por parte
dos que constroem e fazem a manutenção. O lugar é frio, indiferente às “vidas”
que estão nele contidas. A interpretação de Thandie Newton é impecável. O
choque ao se deparar com a mentira vivida, o horror em seus olhos quando
compreende que sua história é uma farsa. Essas cenas são mais impactantes que a
violência comum ao seriado, já que a dor da personagem está estampada em seus
traços e olhos. É a constatação de que nada estava sobre seu controle.
E por falar em controle, voltamos a nos deparar com o Homem de Preto e Ted. Eles estão juntos na caça por Wyatt, cada qual com seu motivo, e são surpreendidos quando entram disfarçados em um acampamento militar. Entretanto, a surpresa maior está no surgimento de uma faceta de Ted que ninguém imaginava. E dúvida surgem com essa nova personalidade. Será que Ted é Wyatt? As lembranças vem e voltam com rapidez, confundindo o espectador a todo instante. Tal como acontece com Dolores, Ted também tem lampejos de sua vida passada ou ao menos é o que o diretor quer nos incitar a acreditar.
Descobertas acontecem em um ritmo que choca. Bernard e Elsie encontram a fonte de transmissão de dados usada pelos espiões. Bernard também encontra um local que é reservado apenas para Ford, uma espécie de retiro onde o criador do parque passa alguns momentos perto de pessoas que lhe são caras. É nesse ponto que percebemos que Arnold não é o homem apontado na foto antiga com Ford. Logo, quem será o misterioso sócio de Ford, falecido há anos? E por que ele não apareceu na foto?
Theresa e Bernard se reencontram após encerrarem de forma abrupta o caso que tinham. O motivo está na desconfiança de Bernard sobre certas ações de Ford. Segredos surgem e mostram que as aparências enganam e, além disso, evidenciam que é difícil confiar quando interesses são postos acima do dever. Bernard é um homem de princípios e ele não aceita atitudes incompatíveis com a ética de seu trabalho. Já Theresa se mostra uma mulher decidida, forte e ciente de seus atos... certos e errados.
Novas entrelinhas são apresentadas ao público e confirmam a presença de Arnold até em anfitriões teoricamente sob o controle de Ford. Essa constatação deixa no ar uma questão: será Arnold um programa residente capaz de controlar os anfitriões e burlar os sistemas de segurança do parque? E se for, o que o impede de desvincular os androides de suas seguranças digitais e permitir que tomem o parque?
Retornamos à cena em que Elsie vasculha o ponto de envio de dados. Lá, ela descobre um fato assombroso, mas ela não é a única pessoa nesse lugar remoto.
Maeve está decidida a remover suas amarras. Com a ajuda de Felix e Sylvester, este não tão cooperativo, ela recebe um upgrade em sua programação comportamental e cognitiva. Uma nova Maeve surge para dar um ar ainda mais caótico à narrativa de Westworld.
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